João Silva: Liderança no Terreno com Foco Estratégico e Resultados Sustentáveis
Há percursos que não se constroem em linha reta, mas em camadas sucessivas de esforço, aprendizagem e superação. O de João Silva é um desses casos. Um líder que começou muito cedo no mundo do trabalho, que nunca perdeu a ligação ao terreno e que construiu a sua carreira com base numa ideia simples e exigente: trabalho, foco e pessoas.
“Saí de casa dos meus pais aos 16 anos e, desde então, tornei-me totalmente autónomo”, recorda, de forma direta. Esse primeiro passo marcou-lhe o carácter. Depois de cerca de um ano em Lisboa, regressou a Viseu e iniciou o curso de Cabeleireiro Profissional. Concluiu o percurso formativo, entrou na profissão e ganhou cedo o sentido de responsabilidade e disciplina.
Em 1999, sentiu que precisava de virar a página. “Procurei um novo desafio”, diz. Enviou currículos para a indústria automóvel e acabou por ser contratado pela Auto Martinauto como vendedor de stand. Foi o início de uma ligação de 25 anos a uma organização, à mesma região e a um setor que acabaria por definir grande parte da sua identidade profissional.
O regresso aos estudos como ponto de viragem
Em 2005, por incentivo direto da esposa, João Silva tomou uma decisão exigente: voltar a estudar. À noite, conciliando trabalho e vida pessoal, retomou o percurso académico com um objetivo muito claro: ingressar no ensino superior através do regime de maiores de 23 anos.
“Foi tudo muito duro, mas é possível se formos organizados e gerirmos bem o tempo”, sublinha. Entrou na Licenciatura em Contabilidade e Administração na ESTGV em 2006/2007, num período de grande exigência pessoal. O esforço compensou. Em 2010, foi convidado a assumir a função de Chefe de Vendas, com responsabilidade pela marca Peugeot.
A partir daí, os resultados começaram a falar por si. Entre 2016 e 2018, a empresa alcançou 942, 950 e 987 matrículas, respetivamente. Mais do que números, João destaca o ambiente criado: “Fomos desenvolvendo um clima e uma cultura de alto rendimento competitivo, exigente e organizado, que se tornou um ativo único na região.”
Liderar é pensar a 360 graus
A passagem de vendedor a líder obrigou a um profundo ajuste de mentalidade. “Quando começamos a gerir pessoas, temos necessariamente de pensar 360 graus, ser rápidos e liderar”, afirma.
Para João Silva, liderar é conhecer profundamente cada pessoa, perceber a sua maturidade profissional e psicológica, antecipar reações e comunicar de forma assertiva. Mas é também dar o exemplo, adaptar-se rapidamente às mudanças e nunca perder de vista a visão, a cultura e a matriz de competências da organização.
Entre 2010 e 2020, esse modelo permitiu construir uma das equipas de vendas mais estáveis da região num setor tradicionalmente marcado pela elevada rotatividade. “Preocupo-me muito que os trabalhadores sejam felizes, que sintam propósito, reconhecimento e que sejam realizados.”
A pandemia e a aposta no desenvolvimento pessoal
Em 2020, com a pandemia, o mundo parou. “Foi um choque”, admite. Mais uma vez, João Silva optou por investir em si. Ingressou no MBA Executivo da FEUC, um percurso que descreve como exigente, valioso e profundamente marcante.
“Foi uma experiência de partilha e de imersão nas várias dimensões práticas da gestão”, recorda. Concluído em 2022, o MBA reforçou-lhe a convicção de que o desenvolvimento pessoal e académico é uma responsabilidade permanente de quem lidera.
Pouco tempo depois, percebeu que precisava de partir para a diferença, para o desconhecido. Em 2024 tomou a decisão de sair da Auto Martinauto. “O meu percurso de 25 anos naquela organização resume-se a três palavras: gratidão, orgulho e partilha.”
Um novo ciclo na JOP Viseu
Em setembro de 2024, João Silva assumiu o cargo de Diretor Geral da JOP Viseu, num contexto particularmente exigente para o setor automóvel. Eletrificação, digitalização, mudança no comportamento dos consumidores e a recente crise dos semicondutores obrigaram a uma adaptação rápida.
Uma das apostas estratégicas mais relevantes foi a integração da marca MG no portefólio da JOP, alinhando a organização com a transição para a mobilidade elétrica e democratizando o acesso a veículos eletrificados. Em paralelo, reforçou-se a digitalização dos processos, sem perder a proximidade com o cliente.
“O fator humano vai continuar a ser uma variável diferenciadora”, sublinha. Para João, o futuro constrói-se com preparação, formação, upskilling e reskilling das pessoas.
O legado de quem não esquece o terreno
Quando fala de liderança, João Silva é claro: “Nunca se deve perder a ligação ao terreno, porque é aí que se aprende verdadeiramente a liderar.” Acredita que liderar não é um cargo, mas uma responsabilidade, dar o exemplo, servir as equipas e criar condições para que as pessoas cresçam.
O futuro da JOP Viseu passa pela entrada de novas marcas e por uma expansão sustentada a partir de 2026, num mercado em constante mudança. Mas o fio condutor mantém-se: foco, consistência, adaptação e pessoas.
Em síntese, a história de João Silva é a prova de que é possível crescer de forma sólida, partindo de baixo, mantendo raízes na região e construindo liderança com autenticidade. Um percurso feito de trabalho, escolhas difíceis e uma convicção profunda: só avançamos verdadeiramente com as pessoas.
