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Manuel Mota: O foco e a eficácia de quem lidera com prazo definido

Há profissionais que se definem pela constância e outros pela capacidade de reinvenção. Manuel Mota é, assumidamente, um sprinter. Um gestor de missões intensas, que entra em contextos de mudança com objetivos claros e datas marcadas — e que faz disso a sua zona de conforto.

“Eu gosto de iniciar novos projetos. Gosto da adrenalina de fazer acontecer. Sou mais sprinter do que maratonista”, diz, numa frase que parece condensar toda a sua filosofia profissional.

Com formação em Engenharia Mecânica, um MBA e passagem pelo IMD na Suíça, Manuel Mota construiu uma carreira plural — do retalho automóvel à consultoria estratégica, passando por cargos de direção internacional. O fio condutor sempre foi o mesmo: o gosto pelo arranque, pela transformação e pelo impacto mensurável.

A lição da África do Sul: o tempo como aliado

A primeira experiência verdadeiramente “interina” aconteceu em 2014, na África do Sul. Dois anos exatos para transformar uma operação deficitária num caso de sucesso.

“Tinha dois objetivos perfeitamente definidos: colocar a empresa no azul e encontrar novos sócios locais. O visto era de dois anos e o projeto terminava aí. Essa limitação obrigou-me a um foco enorme”, recorda.

O foco é, para Manuel, a essência do interim management. A clareza temporal, a definição
de métricas e o compromisso absoluto com resultados. “O facto de haver uma data de saída e um objetivo concreto faz-nos ser muito mais assertivos e eficazes. Não há tempo a perder”, afirma.

O foco e a eficácia como bússolas

“O objetivo tem de ser muito bem definido. E tem de ser o KPI do cliente, não o nosso. Se não sabemos como vamos ser avaliados, tudo se torna cinzento — e o cinzento, em interim management, não é interessante.”

Essa clareza transforma-se em método: foco, assertividade e eficácia. Três palavras que repete como mantras. “A diferença entre um gestor permanente e um gestor interino é essa: o foco. O interino é eficaz porque tem um horizonte e uma missão. Não se dispersa com o resto.”

A liderança que escuta antes de agir

Depois de anos a liderar equipas em contextos desafiantes, Manuel Mota reconhece o erro mais transformador da sua trajetória: a pressa em agir.

“Durante muito tempo, preocupei-me mais em fazer do que em entender.
Hoje sei que é preciso compreender bem a organização, o que é visível e o que é informal, antes de começar a agir.”

Essa maturidade moldou a sua abordagem atual: escutar primeiro, agir depois, comunicar sempre. “A coerência da mensagem é essencial. Quando a mensagem que passamos continua viva nas equipas, mesmo depois de sairmos, é sinal de que o trabalho foi bem feito.”

O autoconhecimento como bússola de carreira

Hoje, como sócio de uma consultora, Manuel Mota aplica a mesma filosofia: missões claras, impacto mensurável, tempo definido.

“É muito interessante partilhar o que se aprendeu e, ao mesmo tempo, sentir a pressão de continuar a aprender. Este know-how é válido por um tempo — depois é preciso atualizar, ler, formar, visitar. Isso é o que me estimula.”

No fundo, o legado que procura não está apenas nas empresas que transforma, mas nas
pessoas que deixa mais preparadas para continuar o caminho. “O importante é que a mensagem passe. E que, mesmo depois de sairmos, continue viva dentro das equipas.”

Em síntese

Manuel Mota é um exemplo de como o interim management pode ser mais do que um modelo de trabalho — pode ser uma filosofia de vida. A clareza do propósito, a disciplina do tempo e a autenticidade de quem sabe quem é e o que quer fazer transformam cada missão num projeto com assinatura própria.

“Não é bom nem mau. É assim que sou. Gosto de fazer, de experimentar, de arrancar. E é aí que sou melhor.”

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