Sustentabilidade na Supply Chain Global: Uma Abordagem Simples e Essencial
No mundo atual, onde a consciência ambiental se tornou uma necessidade imperativa, a questão de como garantir que os princípios da sustentabilidade são efetivamente integrados em todas as etapas das cadeias de abastecimento globais é crucial. Entrevistamos, Miguel Reynolds Brandão, Fundador e CEO da Corkbrick Europe e autor do livro “The Sustainable Organisation – a paradigm for a fairer society: Think about sustainability in an age of technological progress and rising inequality – May 17, 2015, cujas respostas oferecem insights valiosos sobre este desafio iminente.
Analisar a Atividade na sua Essência
De acordo com o entrevistado, o trunfo para garantir a integração da sustentabilidade é começar pela simplicidade. Para tal, enfatiza a importância de analisar a atividade em si antes de examinar toda a cadeia de valor. Nas suas palavras, “o primeiro passo é ver se aquilo que estamos a fazer, seja um produto ou um serviço, traz um benefício real em termos de sustentabilidade”.
Miguel Brandão sugere fazer quatro perguntas fundamentais: “Será que esta atividade é um contributo real em termos de saúde minha ou de terceiros? Em termos de ambiente, em termos de desenvolvimento pessoal e, mais importante, em termos de paz?” Para além disso argumenta ainda que qualquer atividade que falhe em trazer benefícios em um desses aspetos deve ser reavaliada.
O Papel da Economia na Sustentabilidade
Para Miguel, a verdadeira economia está intrinsecamente ligada à sustentabilidade. A importância de distinguir entre ganhos financeiros e ganhos económicos reais é destacada ao referir que “ganhos financeiros podem não trazer valor económico real, apenas especulativo, enquanto ganhos económicos trazem sempre valor para alguém no planeta.”
Para além de criticar a confusão entre lucro financeiro e sustentabilidade, enfatiza que a
economia verdadeira administra o “eco”, ou seja, o planeta. “Se realmente não tivermos a
paz, tudo o resto se torna irrelevante”, ressalta.
Avaliar as Tecnologias Emergentes
Quando se trata de tecnologias em rápida evolução, como inteligência artificial (IA) e blockchain, o entrevistado insiste em voltar aos princípios básicos ao enfatizar a importância de se utilizar a matemática como uma ferramenta para representar a natureza e prever seu impacto. “A matemática é a única ciência que nos permite olhar para a natureza, representá-la e, com base nessa representação, fazer previsões”, diz. Miguel argumenta que, ao compor o problema e criar modelos de análise simples, podemos entender o verdadeiro impacto dessas tecnologias.
Equilibrar o Crescimento Económico e a Conservação Ambiental
Quando questionado sobre o equilíbrio entre crescimento económico e a conservação ambiental, Miguel Brandão enfatiza, mais uma vez, a importância de retornar aos conceitos básicos. Ele critica a falta de foco na economia real em muitos debates sobre crescimento económico. “Infelizmente, mesmo nas universidades, chama-se economia a coisas que não é economia, porque não gera valor real”, observa. Argumenta que o verdadeiro valor económico surge quando o desenvolvimento ocorre em harmonia com a saúde do planeta.
Simplicidade é a Chave
Em última análise, os insights do especialista em sustentabilidade lembram-nos da importância de simplificar e voltar à essência. “A vida é simples”, diz Miguel Brandão, enfatizando que a compreensão dos princípios básicos permite-nos abordar até mesmo os desafios mais complexos de maneira eficaz.
A integração da sustentabilidade em todas as etapas da cadeia de abastecimento global requer uma mudança fundamental na forma como pensamos e agimos. Simplificar o problema, voltar à essência e focar no verdadeiro valor económico são passos essenciais nessa jornada rumo a um futuro mais sustentável.