
A maioria das organizações opera sob modelos de governança essencialmente reativos: respondem a crises, auditorias, exigências regulatórias ou pressões de mercado. Mas no atual contexto de complexidade e mudança acelerada, a sobrevivência e o crescimento exigem um novo paradigma — a governança proativa. Interim managers desempenham um papel estratégico nesta transição. Com uma presença objetiva e um foco em resultados de curto a médio prazo, são agentes ideais para redefinir como as empresas antecipam riscos, alinham decisões e criam estruturas resilientes.
1. O Que É Governança Proativa?
Governança proativa vai além do cumprimento. Significa:
- Antecipar cenários e agir antes da crise;
- Integrar práticas de gestão de risco, sustentabilidade e inovação no centro da tomada de decisão;
- Operar com accountability distribuída e métricas que premeiem a previsibilidade e não apenas a correção de desvios.
Interim managers ajudam a construir esta mentalidade desde o topo da organização até às operações.
2. Identificar Padrões de Reatividade Organizacional
Antes de transformar, é necessário diagnosticar. Interim managers experientes identificam rapidamente:
- Ciclos de decisão baseados no medo ou na urgência;
- Falta de ownership estratégico fora da liderança executiva;
- Baixa integração entre áreas (compliance, operações, talento, inovação).
Este mapeamento é essencial para reestruturar as fundações da governança.
3. Redesenhar Fóruns de Tomada de Decisão
Um passo crucial é reformular onde e como as decisões são tomadas. Os interim managers promovem:
- Comités multidisciplinares com visão integrada de risco, oportunidade e impacto;
- Rotinas semanais de leitura de indicadores críticos;
- Modelos de decisão em que o curto prazo está subordinado a um roadmap estratégico.
O foco é institucionalizar o pensamento de médio e longo prazo em estruturas ágeis e acionáveis.
4. Alinhar Governança com a Estratégia de Negócio
Muitas empresas tratam a governança como um sistema paralelo à gestão. Os interim managers, pelo contrário, integram:
- Objetivos de governança no próprio plano estratégico;
- Métricas de compliance, diversidade, sustentabilidade e reputação na gestão de desempenho;
- KPIs de governança nos dashboards executivos.
O resultado? Uma cultura onde “boa gestão” é sinónimo de boa governança.
5. Criar Cultura de Responsabilidade Antecipada
Transformar governança requer mudar comportamentos. Interim managers facilitam este processo através de:
- Workshops de responsabilidade partilhada;
- Sessões de decisão simulada para líderes de equipa;
- Narrativas internas que celebram ações antecipadas, não apenas soluções brilhantes para problemas.
Assim, criam equipas que “pensam à frente” e atuam com autonomia responsável.
6. Institucionalizar Ferramentas e Processos Sustentáveis
A presença do interim manager é transitória, mas os mecanismos que deixa devem perdurar:
- Templates para análise de risco e decisão estratégica;
- Protocolos de escalamento e gestão de crise baseados em critérios;
- Calendários de governança integrados com os ciclos operacionais e financeiros.
Tudo documentado, testado e com responsáveis nomeados.
7. Preparar a Liderança Permanente para Continuar o Modelo
Finalmente, a passagem de testemunho é crítica. Os interim managers não apenas implementam, como também:
- Identificam e formam líderes internos com perfil para sustentar o modelo proativo;
- Criam rotinas de monitorização adaptáveis;
- Estabelecem pactos de governança com o board e equipas executivas.
A governança proativa não é um luxo — é uma necessidade estratégica. Ao introduzir clareza, processos robustos e foco na antecipação, interim managers ajudam as organizações a deixarem de ser reativas e a tornarem-se arquitetas do seu próprio futuro.
Mais do que “resolver problemas”, estes líderes temporários reposicionam a forma como a empresa decide, previne e lidera. E com isso, deixam um legado invisível, mas profundamente transformador.