
Num contexto de incerteza crescente, seja numa crise empresarial ou em momentos de transição, os líderes interinos (interim) são chamados a tomar decisões rápidas e eficazes. Mas como decidir quando não temos todas as respostas? É aqui que entra o conceito de Thinking in Bets, popularizado por Annie Duke, ex-jogadora profissional de póquer e especialista em tomada de decisão estratégica.
O que é Thinking in Bets?
O Thinking in Bets é uma abordagem que encara cada decisão como uma aposta. Em vez de procurar certezas absolutas, o método incentiva a avaliar probabilidades, cenários possíveis e consequências de longo prazo. Assim como no póquer, nem sempre a melhor decisão garante o resultado esperado — mas aumenta significativamente as hipóteses de sucesso.
Para um gestor interino, esta perspetiva é valiosa porque:
- Reduz a paralisia da análise em situações de crise.
- Encoraja a pensar em termos de risco e retorno, em vez de certo/errado.
- Promove decisões iterativas, ajustadas com base em nova informação.
Lições de Annie Duke para Interims
- Aceitar a incerteza como regra, não exceção
Muitos líderes falham ao procurar certezas antes de agir. Annie Duke defende que devemos reconhecer os limites do conhecimento e agir mesmo em cenários ambíguos. - Separar resultado de decisão
Uma decisão pode ser boa mesmo que o resultado imediato seja negativo. Para interims, isto significa focar-se no processo racional de decisão, em vez de apenas nos indicadores de curto prazo. - Pensar em cenários e probabilidades
Avaliar várias hipóteses permite preparar planos alternativos. Este pensamento estratégico ajuda o interim a guiar equipas com confiança durante momentos turbulentos. - Aprender com feedback contínuo
Cada decisão é uma aposta que oferece dados valiosos. Rever, analisar e ajustar é o caminho para decisões mais robustas no futuro.
Estratégias de Saída de Crise com Thinking in Bets
Aplicar este método em cenários de crise empresarial pode traduzir-se em práticas concretas:
- Mapear riscos e opções: criar matrizes de decisão que incluam impacto e probabilidade.
- Priorizar decisões reversíveis: agir rapidamente onde o custo de erro é menor, preservando flexibilidade.
- Comunicar probabilisticamente: explicar às equipas que certas decisões aumentam a probabilidade de sucesso, mesmo sem garantias absolutas.
- Criar um “board de decisão”: envolver stakeholders na análise de cenários, reduzindo vieses individuais.
O papel de um interim em momentos de crise não é prever o futuro, mas sim aumentar a probabilidade de uma saída bem-sucedida. O Thinking in Bets de Annie Duke oferece ferramentas práticas para liderar com clareza, agilidade e realismo.
Ao adotar esta mentalidade, os interims conseguem não só gerir crises de forma mais eficaz, mas também transformar a incerteza em vantagem competitiva.